Estádio abriu ainda sem estar 100% pronto, mas WTorre celebra: 'Não poderia ser melhor'. Diretor da construtora fala sobre relação com o Palmeiras e planos para 2015
Agora com a “casa arrumada”, o Palmeiras prevê R$ 230 milhões de receita em 2015, quantia “turbinada” também pelo Allianz Parque. Depois de dois jogos na nova casa, um grande show (Paul McCartney), além de eventos de menor porte, a arena é um trunfo tanto para o clube, quanto para a WTorre.
Embora a estreia tenha ocorrido ainda sem o estádio estar 100% pronto, a construtora aprovou os primeiros eventos do Palestra Itália. Rogério Dezembro, diretor da empresa, fala sobre o balanço de 2014 e as mudanças previstas no estádio para o novo ano, além da possibilidade de fazer amistosos internacionais com o Verdão.
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Qual a análise que você faz dos primeiros eventos da arena?
O balanço é o melhor possível. Com jogos e shows foram só 12 cadeiras quebradas, os produtores do Paul McCartney fizeram mil elogios, nossos parceiros também. Todos dizem que nunca viram um estádio abrir nestas condições, com nossa infraestrutura, a equipe que temos. O público também elogiou, tanto a torcida quanto os que vieram nos shows. Não dá para reclamar. Claro que vimos um monte de coisa de problemas, ainda não está no nível que queremos, mas até a Allianz, que é muito exigente, tem outras arenas, como a de Munique, brincou que neste ritmo vamos passar a Allianz Arena logo. Temos de agradecer que as coisas deram certo.
Quais serão as mudanças no estádio para o ano que vem?
A parte de sinalização estava muito precária ainda. O projeto estava pronto, mas não conseguimos o fornecedor para o material definitivo, então trabalhamos com 40% de sinalização provisória. Identificamos áreas que não estavam no projeto e que precisam existir avisos. Isso você só aprende quando abre o portão. A parte de lanchonetes também foi um pouco prejudicada, porque o projeto estava pronto, mas não deu tempo de terminar a obra. Com a experiência você vai aperfeiçoando.
A Polícia Militar às vésperas da abertura do estádio pediu para que se colocassem divisórias na arena. Para o ano que vem isto será mudado?
O Choque fez algumas vistorias, mas a Polícia pediu isto só a uma semana do jogo. A gente vai mudar as divisórias (em 2014 usaram-se grades). Temos um projeto aprovado de um material transparente de altíssima resistência. Se não estiver pronto para a estreia, com certeza estará para fevereiro. Ainda serão barreiras móveis, que serão retiradas para shows. O estádio não foi feito para ter barreiras. Vamos manter em jogos a pedido do Batalhão (de Choque), mas com o tempo esperamos que eles entendam a diferença de operação deste estádio e nos deixem removê-las. Com a nova divisória, acabam os pontos-cegos e vamos aumentar um pouco a carga.
Como lidar com esta imposição da Polícia para o ano que vem?
Tem as dificuldades, a preocupação do Ministério Público (na última rodada, contra o Atlético-PR), quando eles quiseram ser mais realistas que o rei. Mas se tivermos de tomar decisões entre faturamento e segurança, a segurança virá em primeiro lugar. O clube também pensa assim. Vamos privilegiar isto para o MP, o Jecrim, todos verem como funciona e ficarem encantados com o nosso sistema de câmeras, central de operações.
Espera poder receber em 2015 além da capacidade liberada pela PM, de 39 mil lugares?
Queremos que abra já para uma capacidade de público um pouco maior, mudando o modelo da divisória e tendo a liberação de vários assentos de camarotes da ferradura, na avenida Francisco Matarazzo, que não ficaram prontos. São lugares que passam a ser comercializados neste ano.
Quais os planos de eventos para 2015? Há uma meta?
A gente chegou perto de 170 mil pessoas nos eventos em 2014. Há um calendário que temos de perseguir, com uma somatória dos jogos do Palmeiras, eventualmente amistosos internacionais. Eventos no anfiteatro, shows no estádio como foi o do Paul e o Roberto Carlos que já está à venda (previsto para abril). Já fizemos dois grandes eventos corporativos, negociamos com um festival sertanejo (para março) e algumas atrações internacionais. Para um primeiro ano, o que temos de conversas iniciadas em dezembro é muito bom. Vamos bater a meta do calendário do primeiro ano. O desafio será a partir do meio do ano que vem, porque já estaremos mais afiados para saber até onde chegar.
Já está definido quando começará a funcionar o restaurante panorâmico?
Não, ainda nem está em obra. Estamos negociando com alguns grupos, por isto ainda não começou (a reforma). Foi instalado ponto de gás, energia elétrica, água, esgoto...mas se for o restaurante A é de um jeito, se for do B é outro diferente. Então seria jogar dinheiro fora. Recebemos três propostas e não gostamos de nenhuma. Destas, duas ainda estamos conversando e vendo outras alternativas também.
Quando abrirão o shopping e o museu do estádio?
O minishopping vamos ter anexo à loja oficial, e deve entrar em obras entre janeiro e fevereiro. Mas não faz parte do estádio, ficará no primeiro subsolo e será parte de serviços. O museu já recebemos duas propostas muito boas e bacanas. Não tivemos tempo de discutir ainda, mas são duas boas possibilidades.
O tour na arena começará a funcionar também em 2015?
Devemos fazer isso com a Futebol Tour e deixar disponível a partir de 20 de janeiro. Vínhamos fazendo de uma maneira informal com a própria equipe daqui, mas agora pelo volume tornou-se inviável.
Há um setor na ferradura ainda sem cadeiras. Serão colocados assentos removíveis?
Sim, mas ainda não definimos o modelo. Tem uma negociação com uma empresa para fazer cadeiras totalmente diferentes, para ser de fato único. As conversas não se encerraram. Se não der certo, vamos fazer as removíveis em um padrão mais convencional e parecido com o restante da arena. É uma área que pode chegar a cerca de 400 lugares. Ali poderia ser um setor VIP. Tem a torcida organizada atrás, mas não vejo como problema, é até algo legal. Uma área VIP, com todo o calor das organizadas. Estamos indo com cuidado, porque queremos um setor bem diferente. Se chegar em abril e não efetivarmos o negócio, vamos optar pela opção mais convencional.
A ideia era abrir o Allianz com um amistoso internacional, mas não aconteceu. Isso ainda está nos planos?
Pensamos nisso, o problema é o calendário brasileiro, que não bate com o de quase ninguém, nem o argentino. Temos algumas negociações iniciadas para fazer eventos desse tipo. Tem grande chance de ter um ou dois amistosos internacionais aqui em 2015. Com o Palmeiras. Sempre a nossa intenção é privilegiar o Palmeiras.
Como está hoje a relação entre a WTorre e o Palmeiras?
Temos uma relação muito boa e transparente. São mais objetivos comuns do que divergentes. O único ponto divergente é a questão do direito de comercialização das assinaturas das cadeiras, que está sendo discutido na arbitragem. As duas partes têm de ser maduras suficientes para não colocar 99% em risco por causa de um ponto divergente. Acho que o Palmeiras não deve ter ficado muito triste tendo feito quase R$ 8 milhões de receita em dois jogos com o time na situação que estava. Isso mostrou o potencial do Allianz Parque e a realidade da torcida do Palmeiras. Não dá para ficar triste com isso.
Quando irá resolver a discussão na corte arbitral?
Não posso falar nada pela cláusula de sigilo. Não sou advogado e como executivo nunca tinha vivido um processo de arbitragem. O que posso dizer é que estamos atendendo as etapas, o Palmeiras também, o interesse é mútuo para que isto não se prolongue desnecessariamente.
Em 2015 a arena já terá os símbolos do clube expostos?
A gente quer entregar o projeto original, com os escudos nas caixas de escada. Os dois primeiros devem chegar em janeiro. Eles levaram um tempo para serem viabilizados porque a estrutura não suporta tanto peso, e pelas dimensões eles são muito grandes. Foi uma engenharia um pouco chata de se resolver.
FONTE: LANCE