terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Paternalismo e modelo empresarial levam futebol catarinense ao ápice

Com quatro equipes na Série A, estado desbanca o Rio de Janeiro apoiado numa associação de clubes e nos conselhos do presidente da federação, aliado de Marin

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São Paulo
 
O futebol catarinense terá, em 2015, mais representantes que o Rio de Janeiro na Série A do Campeonato Brasileiro. Joinville e Avaí subiram e se juntarão a Figueirense e Chapecoense na elite, que, pelo segundo ano consecutivo, terá três cariocas: Flamengo, Fluminense e Vasco. Fato impensável há pouco tempo atrás. Por quê?
Há explicações de todo tipo: a implantação do modelo empresarial de gestão nos clubes, a concentração da economia no interior do estado, a existência de uma associação que caminha paralelamente à federação local e uma administração paternalista, em que o principal dirigente dá conselhos, veste todas as camisas e faz discursos no vestiário.
Delfim de Pádua Peixoto Filho comanda a Federação Catarinense de Futebol desde 1985. Está no sétimo mandato depois de ser deputado estadual e presidente do Marcílio Dias, time de sua cidade, Itajaí. Antes mesmo de ele tomar o poder, participou da fundação de uma associação de clubes que, até hoje, tem influência direta no dia a dia do futebol local.
 Pelas palavras dos dirigentes, pode-se dizer que a associação toma decisões, e a federação, com poder legal, as referenda. Incorporar Sandro Meira Ricci à arbitragem local, por exemplo, passou pelo crivo dos presidentes. Cotas de televisão são discutidas ali. As fórmulas de disputa do campeonato estadual também são sugeridas por eles e, normalmente, aceitas.
- A associação é um órgão que consulto às vezes. Eu não decido sozinho, me reúno com eles antes do conselho arbitral. Serve para juntar o pessoal - disse Delfim.
Mas de que maneira esse órgão interfere na ascensão dos catarinenses? A associação ajudou a dar uma condução homogênea dos clubes. Cada um com sua característica, claro, mas debaixo de conceitos empresariais. Quase todos os presidentes são influentes em negócios locais. É o caso de Nereu Martinelli, que toca o Joinville, atual campeão da Série B, e é dono de uma das grandes empresas de auditoria do país.
Comemoração do Joinville (Foto: José Luis silva / Agência estado)Joinville comemora título da Série B e retorno à elite do Brasileirão após 28 anos (Foto: José Luis Silva / Agência Estado)

- Gastamos só o que podemos gastar. Todos os salários e premiações estão em dia. Neste mês, vamos pagar mais R$ 300 mil, a diferença pelo título. Ainda não fechamos o orçamento de 2015 porque não sabemos o valor das cotas, mas há muito do lado empresarial na gestão dos clubes de Santa Catarina - explicou.
FONTE; GLOBO